Pedi lume e nem sequer tinha cigarros para acender. Fiz um gesto ordeiro de quem ia pegar fogo e, ela incendiou de pressa. Estendi a mão para lhe agradecer... e ela, a dela para se despedir. Vi-a entrar desmascarada num autocarro imundo de suor... e depois na porta da frente da minha casa e nos lençóis gastos da minha cama. Vi-me a entrar por ela adentro. Senti o barulho da primeira porta a fechar-se, no primeiro sono das nossas vidas.
Quando acordei fiz-lhe perguntas e ela disse que sim. E disse o meu nome e eu o dela. Fomos inventando outras palavras, que dizíamos sem pudor e outras coisas que fazíamos sem memória. Fomo-nos deixando estar assim durante muito tempo... até que um dia acendeu um cigarro e, incendiou depressa.
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