terça-feira, 11 de outubro de 2011

Tristeza mascavada

Chegou até mim sem ser chamada

E aqui foi ficando sempre serena

Tinha uma forma

Tão imperfeita

Tão mascavada

Coisa pequena, menosprezada

Tão imperfeita

Tão mascavada

Abraçou-se a mim, fez-me ter pena

E agora a tristeza que fez de mim leito

É refinada

Tão refinada

Que eu só quero de volta ao meu peito

Aquela tristeza das coisas pequenas

Tão imperfeita

Tão mascavada!

domingo, 25 de setembro de 2011

Apresentação em Almada


Há sensivelmente um ano, recebia a notícia do Prémio Literário Cidade de Almada-2010 como um agradável acrescento aos meus dias felizes. Há um ano a felicidade parecia não ter fim, ao contrário do que ouvi dizer numa canção de Vinicius de Moraes: “tristeza não tem fim, felicidade sim”. Sempre quis e sempre consegui contrariar esses versos, tirando à felicidade esse estigma do efémero. Ainda agora, apesar de saber e de viver a infinitude da tristeza, teimo em não avistar um fim à felicidade.

Hoje esta pessoa que fez em “zapping sobre as madrugadas idênticas” um conjunto de reflexões sobre as inquietações mais lúgubres do ser humano, percebe cabalmente aquilo que escreveu. Era escusado, digo eu falando com o meu próprio percurso. Preferia mil vezes que a literatura permanecesse na caixa de ferramentas que se vai buscar ocasionalmente à despensa e, que nos facilitam e compõem a edificação da vida. O leitmotiv que me impulsionou para a escrita deste livro (tentar perceber como consegue o ser humano resistir à tragédia) saiu definitivamente do registo da especulação e da observação com a recente perda do meu sobrinho Luís, a quem sigo devota de um amor incondicional.

O amor no epicentro da vida. Sim, a vida: essa possibilidade que nos acontece a todos. Viver é uma possibilidade. Viver no epicentro do amor é uma opção, a maior e a melhor opção que cada um pode tomar, parece-me. É por essa razão que estou hoje aqui em zapping (quer este estrangeirismo signifique troca, mudança, exercício do poder ou a ilusão que às vezes temos, enquanto criadores, de que podemos controlar o tempo, e que tendo esse controlo, temos as rédeas de tudo).

Este “Zapping” hoje é feito com o André Soares, porque sei como gosta de ir pela palavra aos lugares cimeiros do pensamento humano, sei como gosta da partilha, mas sei essencialmente como consegue desprezar a palavra, quando em disputa com um abraço. É por essas razões que o André e o seu filme “pela palavra”, excelente homenagem à poesia e à sua universalidade, uma soberba sinfonia babilónica, um saber estar nos lugares a que se vai - Porque sei que o André nunca vai a lugar nenhum sem o compromisso de se pôr em esquadria com as pessoas desses lugares, como o provará este documentário. Mas a razão maior nem é essa e nem se quer camuflada: o André está aqui por uma razão muito mais premente e óbvia (espantem-se e protestem se quiserem!): O André está aqui porque é meu amigo e porque nem eu, nem ele, por muitas contrariedades que nos surjam, saberemos abdicar da possibilidade de contagiar com amor quem nos acompanha, ou abdicar dessa possibilidade capital, que é a vida.

O livro, esse, prefiro destacá-lo destas vivências essenciais e tratá-lo como aquilo que é: um objeto. Será um objeto com alguma literariedade, certamente, será um objeto suscetível ao toque, mesmo na sua ausência, será um objeto que por vezes se confunda com um ser vivo. E é exatamente assim que o tenho tratado, desde que, na minha cabeça, se afigurou que se tratava de um livro, este objeto passou a ter vida própria. Tem sido assim a sua distribuição: independente e livre, emancipado pela sua estrutura externa e interna, numa entrega cuidada, que me leva a alterar o próprio conceito de distribuição de livros: o “zapping sobre as madrugadas idênticas” é o único livro deste país que está a ser partilhado, ao invés de distribuído, como qualquer outra mercadoria. Se o adquirirem, continuem essa partilha que a si próprio se impôs.

Resta-me agradecer a todos quantos estiveram e continuam de pedra e cal a acompanhar este processo cujo primeiro ciclo se encerra, hoje, em Almada, no lugar onde se iniciou a sua partilha. À cabeça, a minha agente e amiga Maria do Sameiro Mendes, incansável e inestimável faz-tudo promocional deste livro, à Herdade da Malhadinha Nova pela companhia nas leituras públicas, regadas com os seus vinhos; à Armandina Maia por nos acompanhar a mim e ao livro com o cuidado e atenção que guardamos apenas para os que nos são muito; ao João Candeias e José Correia Tavares, que (também) souberam distinguir o livro entre tantos; à Câmara Municipal de Almada, por ser um exemplo raro na consideração da cultura, em geral, e da literatura em particular como um dos pilares do “nosso dever de ser gente”, nas palavras de Cesariny. A minha devota amizade ao André Soares e à Elena Alves que hoje darão voz às minhas palavras, agora vossas. Mas também a todos os que se atreveram já em leituras públicas e outras cumplicidades e que por exercício de soberba vou aqui nomear, enquanto me parece que escrevo no lugar exato onde sempre quis escrever: na barriga do tempo, nos nossos ventres.

A António Durães, Manuela Martinez, Luísa Fontoura, Luís Novais, Bruno Malheiro, Marta Peixoto, Jorge Louraço, Hugo Curado, Vasco Freire, Anabela Campos, António Ferra, Hannes Reis, Liliana Palhinha e Elsa Fernandes.

Ao Luís, que representará sempre o melhor trecho que alguma vez ajudei a escrever.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Importa-se de repetir?

Do périplo realizado até ao momento pelo país, e antes da primeira apresentação no estrangeiro, resultam alguns momentos e frases soltas que me ficaram (mais ou menos) gravados na memória. Fica uma amostra do que tem sido esta peculiar distribuição do Zapping sobre as madrugadas idênticas:

“Tem génio e tem talento!”

Armandina Maia - professora, escritora e crítica literária, referindo-se à autora do livro “zapping sobre as madrugadas idênticas”, na Casa das Artes em Arcos de Valdevez.

“Era um conjunto de folhas muito mal amanhadas…”

Idem, ibidem, sobre as primeiras impressões causadas pelo Zapping no júri do Prémio de Almada.

“Não quero, nem me compete, fazer uma divagação pela história do Homem contemporâneo. Mas Zapping pede que se faça, ao menos, uma breve contextualização, até porque esses anos que vão de 1914 a 1918 são, sem dúvida, um dos marcos fundadores da angústia dos nossos dias”

Luís Novais – escritor, apresentando o Zapping em Braga, na Livraria Capítulos Soltos

“Pá, não podes desvalorizar o teu trabalho! É muito bom e merece ser mostrado!”

Jorge Louraço Figueira – (entre outras coisas) dramaturgo, em conversa que se seguiu à apresentação do Zapping, numa mesa (repleta de bom vinho, diga-se!) do bar Maria vai com as outras, Porto.

“A Eugénia tem coisas para dizer e isso é bom e raro!”

Anabela Campos – pessoa que ali estava (e que tem estado sempre e bem) a ouvir, a falar e a ler, entre muitas pessoas que também estão sempre bem e que também leram e conversaram, com vagar, na Livraria Ler Devagar, em Lisboa.

“Vamos tomar o pequeno-almoço na praia!”

Aménia Grangeia – pessoa que gosta de mim e de quem eu gosto também, depois do que não se passou no “Mercado Negro”, em Aveiro. (Foi um belo pequeno-almoço!)

“Eu sabia que havia uma razão muito forte para a Eugénia estar aqui (…) Nunca a apresentação de um autor à própria obra me surpreendeu tanto(…) Obrigada pela sua escrita!”

Liliana Palhinha, Livraria Pátio de Letras, Faro

“O vinho é mesmo bom!”

Pessoa que evidentemente sabe o que é viver, em referência ao vinho que acompanhou algumas das leituras e conversas sobre o Zapping, O Monte da Peceguina, da Herdade da Malhadinha Nova.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Pequeno incentivo de abate à inércia

São onze da manhã de um dia qualquer e eu sinto-me bem. Isto é uma advertência a quem possa duvidar do meu estado emocional. Sinto-me bem e tenho consciência disso. É inoportuno sugerir que se não tivesse consciência me sentiria ainda melhor. É ineficaz argumentar que mais vale não saber, não querer saber, não me doer, não me ofender, porque quem não se sente não é de boa gente, e eu sou.

Sinto-me bem porque vivo num país de promessas muito bem desenhadas, que se estava mesmo a ver que eram só promessas, num país feito para ser desfeiteado, mas que nem isso conseguiu fazer sem ajuda externa. Tudo muito bem delimitadinho há séculos, pelas suas fronteiras (arte suprema deste país: a cartografia que se exibe em museus e que não serve para nada, a não ser pôr-nos a sonhar com aquilo que já lá vai!), aqui nos encontramos em pleno exercício de convulsões de uma doença grave: a esperança no futuro. E sabendo que, logo que acabe a febre, nascerá uma outra bem pior: a falta de crédito no presente. Sim, é isto o futuro. Não me venham visionários dizer que é para além disso, que eu arremesso-lhes com um tsunami (mar para isso não nos falta e, se lhe dá para se revoltar, acaba de vez com isto e pronto. Fica a batata quente bem entregue, alastra este mal Europa acima e ficam os espanhóis com os louros de serem finalmente a irredutível cauda deste continente com a puta da mania da responsabilidade e inviolável conduta, de espezinhar e segregar todos quantos não se entendem na riqueza especulativa dos mercados do nada da variação do spread, que é ilusória, tudo muito bem, mas quem é que disse que a ilusão não alimenta?! Ah?!

– E já agora, quem é que diz que alimenta? Ah?!

– Dominique quê?! – Strauss?!, Angela Merkel?, Nikolai Sarkozi?, Timo Soini?, George Osborne (o tal que acusa Sócrates de se ter importado demasiado com o seu quintal, mal sabendo que não havia nisto metáfora alguma!), José Sócrates?! – mas quem é esta gente? - Uma corja de fazer corar os Bórgias, mas que em menos de duas décadas ninguém saberá quem são, porque tão habituados estão a foder mal, que se esquecem que isso implica prazer e que até para se ter prazer é preciso ter talento, e neste conceito particular todos possuem apenas a variante da antiga moeda de ouro dos gregos e romanos: têm montes de talento nos bolsos e nenhuma aptidão natural ou adquirida para o êxito desta palhaçada toda que se chama Europa!

Por mim, colocavam-se todos em filinha, à frente do senhor Strauss (que ao deboche nunca se negaria!) num exercício desajeitado de sodomia (Merkel incluída, nesta bicha, munida de todos os seus argumentos de aço e arame farpado para que arranhe bem, de preferência o cu do Sarkozy, até que o sangue escorra e se afogue nele!), a ver se finalmente percebem como fodem mal, como são tristes por estarem tão condenados à indiferença da história! Vão com sorte se a imortalidade lhes chegar por aqui, por esta execrável imagem de depravação, que é o que eles merecem e é por isso que se batem, quando dizem que se batem por alguma coisa!

E tu, que ainda aí estás a acabar o teu riso, a tua estupefacção, a tua indignação de pessoa de bem, muito educadinha, que até vestiu o fato de domingo… Para quê, ah?! – Para te pores também na fila?! – Ah, mas a ti, ninguém te toma por lorpa, meu grande espertalhão! Mostras preferências requintadas, não é qualquer posição que te serve, dás o golpe na fila, empurrando uma ou duas figuras que lá apareceram à socapa, até fazes um rap com isso: Lino Pino Lino Pino, e zás! – enfias-te mesmo à frente do Sócrates, porque já lhe conheces o jeito para te enrabar, não é meu mandrião? Pois é, há que jogar pelo seguro, que nós aqui somos todos gente honrada e respeitadora e nunca atrás vem melhor. Pois não, meu calaceiro, atrás não vem melhor porque atrás está o MESMO, ou a sua CÓPIA (ou ainda não estás a reconhecer o órgão que te põe a ranger de dor, sua porta de aldrabas velhas!? Será que o queres mais dentro?).

– Queres que te diga? – Ficas bem nessa fila, no teu fatinho impecável com as calças descidas até aos calcanhares

– Não sabias, ao menos, segurá-las nos joelhos, meu concupiscente assanhado!? – Ficas tão bem tu aí, como eu aqui, a ver-te entrar nela de peito erguido, cheio de ti, preparadinho para encher ainda mais! Anda lá, entra nessa, que eu vejo e continuo a sentir-me bem!

Olha lá para mim a sentir-me bem por tu estares aí e eu a ter o que dizer de ti! Olha como eu gosto de deixar aberta a torneira da malvadez e de te regar até que te afogues ou dês aos bracinhos e às perninhas! – A escolha é tua! Tu é que sabes! – O meu trabalhinho é este. Faço-o melhor que sei, vê bem, o melhor que sei é isto! E não, não li Sade, ainda não! E sabes porquê?! Porque para te ver a ser enrabado consecutiva e continuamente não preciso da literatura para nada! Preciso é de olhinhos e esses, bem ou mal, ainda te conseguem ver, mas só até ao dia em que não te suportem ver, meu código de barras desfocado!

Mas tu não és eu! Tu precisas de literatura e de livros que te encham a barriguinha do pensar, do bem pensar! E vê lá, não te distraias! Os livros andam a ser abatidos! – Ai não sabias?! Não sabias que numa das pinocadas destes senhores que nos governam (só podem fazer aquilo distraídos ou a gente muito distraída), saiu uma lei de incentivo ao abate ao livro?! – Não, não é de carros, isso ainda é complicado, que eu já tentei e não deu. É de livros! Livros abatidos por senhores que os mandam fazer e, depois, fazem de tudo para se desfazerem deles. Quanto mais rápido melhor, quanto menos pessoas souberem da sua existência, melhor! Por isso, vê lá, vai a correr a uma livraria e pilha tudo quanto puderes! – Caros?! Se são caros, por que os abatem? Por que não os dão ao desbarato? Já que não dão pão, ao menos livros, que parece que neste país de pançudos, pão não há, mas no mesmo país de iletrados, os livros são uma praga digna de erradicação!

É, sem dúvida, um país de génios! Esquecemo-nos é que os génios também têm fome! Mas não te preocupes, que eles explicam-te tudo direitinho, explicam-te, outra vez que isto é o mercado, que isto é a economia a funcionar e tu envergonhas-te, coras, por não saberes nada de economia, e voltas para a tua filinha a dar-lhes razão!

– Olha que, o verdadeiro brilhantismo deles não é porem-te na fila, é que TU te ponhas lá de livre e espontânea vontade e dês o cuzinho uma e outra vez até que ele desista dessa mania da escatologia e que seja por aí que TU começas a pensar: pelo fim!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Olhó Livro Fresquinho!


Amig@s:

Acabo de abrir (agora mesmo) o grande e monumental concurso: "Olhó Livro Fresquinho":)

Consiste isto no seguinte: oferecer um livro à pessoa que, de forma mais expedita e com um sentido literário mais ou menos alinhavado, se atreva a escrever um comentário neste blogue, usando as palavras: "Zapping", "Vinho" e "acadar". (Esta última porque é um regionalismo que muito poucos conhecem e assim sempre têm algum trabalho, coisa que faz muito bem à alma e à produtividade do país!).

O júri será constituído por um jurado único, a minha mãe, que para além de ser pessoa de idoneidade assinalável, não tem a mania que sabe de literatura, mas sabe. sabe de tudo, como compete às mães.
Tenham um bom dia e palavras afinadas!

nota: o livro em questão é o "Zapping sobre as madrugadas idênticas" aí de uma pessoa que muito estimo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Boas notícias

O Boas notícias, esse mundo de comunicação do eixo do bem, considera a edição e distribuição do "zapping sobre as madrugadas idênticas" uma notícia boa. Acho que percebo porquê e gostava muito que vocês também percebessem a brutalidade que é isto de ser-se autor neste país. Mas a minha indignação ainda "vai no adro", por isso espero que rebente para vos entregar em mãos os estilhaços dessa condição.
Os meus parabéns ao Boas Notícias pelo espaço singular que apresenta. Que seja, de facto, um mundo em crescimento.
Parece-me que a seguir vem um link, mas não garanto:)


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Também tenho o meu manifestozinho de bolso

A vida corre-me de feição. Tenho as faces rosadas porque estive ao sol e porque é meu, um pedaço de terra, onde alguém plantou couves, batatas, morangos, alface e outras coisas com cor, que me hão-de saber bem tanto a uma segunda-feira à noite como num almoço de domingo (porque eu ainda almoço aos domingos). A vida corre-me de feição porque sei a temperatura da terra, quando os meus pés descalços lá poisam e não se festeja coisa nenhuma. Só se está ali com os pés na terra, porque há que mondar as ervas inconvenientes. Sou feliz porque aprendi isto: o verde das ervas não é todo igual, lá porque as ervas são ervas e não temos a sabedoria de as distinguir pelo nome. Mas um conhecimento que nos chegou pelo suor, coloca-nos a separar sabiamente as ervas daninhas das outras.

A vida corre-me de feição porque sei coisas simples como esta: se o escaravelho pegar firme no batatal não há troika que lhe valha (não, não se reúnem três vizinhos caridosos para distribuírem a sua colheita boa pelo meu infortúnio natural, até porque sendo o infortúnio natural, o mais provável é que os vizinhos não estejam em melhores lençóis, e se afirmam que estão, mentem). O que se pode fazer é aproveitar pacientemente o que há de bom, sabendo de antemão que o que se vai revolver da terra é maioritariamente podridão e vácuo, e que tanto uma coisa como outra exalam odores pestilentos. Há que plantar de novo, há que cuidar de novo, há que estar atento de novo, há que colher de novo, sabendo que a colheita pode não ser farta, mas terá que chegar.

Estar perto da terra tira-nos, em certa medida, a sensação de alarme. É, por isso, natural que a nação esteja alarmada: fugiu da terra, escarneceu da sua riqueza telúrica, empinocou-se de podridão e alimentou-se de vácuo, e foi de tal forma insensível, que nem o fedor, que o vento sempre acarretou, lhe aflorou as narinas.

A vida corre-me de feição. Aprendi a semear palavras num papel branco, como quem planta batatas: sabendo que, independentemente da posição em que se coloque na terra, ela há-de procurar e encontrar a luz.

A vida corre-me de feição porque, em termos de escrita, eu ainda não cheguei a rama de batata, ainda não me incomodou o escaravelho, ainda não me bateram vizinhos vaidosos à porta, escarnecendo do meu (des)mérito. Mas eu de batatas sei pouco. A minha especialidade são os tremoços, que, como alguém me dizia hoje, não se percebe o que tenham a menos que a trufa. E não, não se percebe.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Apresentações, lançamentos, arremessos e outros modos de vos dar com isto!

Caríssim@s,

Andarei por estes dias e locais a fazer conversa, leituras (e outras inexpugnáveis diabruras:) com e por causa do livro "Zapping sobre as madrugadas idênticas":

29 de Abril: Livraria Centésima Página, Braga;
1 de Maio: Auditório da casa das artes, Arcos de Valdevez;
14 de maio: Maria vai com as outras, Porto;
20 de Maio: Livraria Ler Devagar, Lisboa;
27 de Maio: Mercado Negro, Aveiro;
28 de Maio: Livraria Capítulos soltos, Braga;
3 de Junho: Livraria Pátio de Letras, Faro;


Estarei (quase) sempre acompanhada por pessoas suficientemente audazes para não se importarem com isso de figurarem ao meu lado e, lá uma vez por outra, prometemos surpreender até os mais prevenidos.
Apareçam, como e onde puderem e levem um/a amigo/a! Não precisa de ser giro/a, desde que goste de ler... e vice-versa:).

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Livrarias com "zapping sobre as madrugadas idênticas"

O "zapping sobre as madrugadas idênticas" encontra-se nas seguintes livrarias independentes (se ainda não se encontra em todas, vai a caminho).

Arcos de Valdevez: Associação Padre Himalaya; Papelaria moderna; Livraria e papelaria Arco-íris, e Casa das artes;

Aveiro: Mercado Negro;

Berlim (sim, Alemanha!): A Livraria (Torstr. 159);

Braga: Livraria Centésima Página; Librobraga; Bracara e Livraria Minho;

Casa do professor: loja online;

Évora: Livraria Nazareth;

Faro: Pátio de Letras;

Funchal:Livraria Esperança;

Guimarães: A loja do Júlio alfarrabista e Livraria Pinto Santos;

Lisboa: Letra Livre, Pó dos livros e Ler devagar;

Montemor-o-Novo: Fonte das Letras;

Ponte da Barca: Belião;

Porto: Index Livraria, Livraria Lello e maria vai com as outras;

Póvoa de Varzim: Livraria Minerva;

Sines: A. das Artes;

Sta Maria da Feira: Vício de Letras;

Vila Real: Livraria e papelaria Branco;

Viana do Castelo: Geográfica Livraria;

Viseu: Livraria Pretexto.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Zapping sobre as madrugadas idênticas (generalizações românticas)


Como sabem, o Zapping sobre as madrugadas idênticas já me veio parar às mãos. O que muitos não sabem é que optei por fazer uma edição de autor. O risco é grande, as razões para esta decisão são várias, mas (juízos de valor sobre editores e editoras à parte) vou destacar uma: apetece-me intervir no mercado dos livros e mostrar que o mercado tradicional nos faz melhor, nos serve melhor e nos sabe melhor.

Por isso, resolvi distribuir o livro apenas em livrarias independentes, a cargo de pessoas que realmente gostam de livros e de literatura, e afastá-lo o mais possível das mãos dos grandes grupos livreiros, que se foram instalando nas grandes superfícies comerciais, onde grandes quantidades de pessoas se acotovelam em busca da última geringonça tecnológica e, sem querer, esbarram com um ou outro livro com pinta de best-seller e/ou aqueloutro que foi Nobel, envolto numa faixa pirosa com muitas frases de pessoas muito impressionadas a desfazerem-se em bajulações impressionantes. Não se lhes resiste e compram-se. Ficarão bem na estante da sala, certamente.

O zapping sobre as madrugadas idênticas também leva uma faixa. Não é pirosa. Não é pirosa. Não é pirosa. Repito-o mais para me convencer a mim do que a terceiros. Pode, até, ter um carácter utilitário: retirem-na e usem-na como separador. Não deixem o livro a sofrer de tédio na estante da sala: toquem-lhe, toquem-lhe muito até que fique maleável, até que o vosso cheiro se confunda com o seu. Depois, leiam-no com autoridade para a criação, como quem lhe dá voz, como quem se embrenha, constrói e desconstrói o caos literário, como quem é guiado, como quem escreve.

É verdade, eu ainda tenho uma ideia romântica dos livros e da literatura, careço de um sentido objectivo, escapo-me muito, emociono-me por existir, e, por isso, troco o pseudo mecenato editorial por esta usurpação pessoal, seguindo (e perseguindo) com rigor, apenas, a vontade.

A distribuição começará a ser feita na segunda semana de Abril. Ainda não há uma lista definitiva de todas as livrarias, mas vim cá prometer que essa será a próxima entrada neste blogue.

Leiam muito e emocionem-se mais.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Zapping sobrea as madrugadas idênticas (perto da emancipação)


Os que aqui passam já sabem disto: O Zapping está para me vir às mãos e o IVA vai voltar a subir. Eu, à semelhança do Jesus Cristo de Pessoa, de finanças não percebo nada, apesar das esperanças um dia depositadas num peteiro com focinho de porco, que um dos meus irmãos tratou de pôr em cacos para comprar chicletes, ou lá o que foi. Estávamos em 1983. Eu tinha 10 anos. Por essa altura, mais ou menos, o FMI passou por cá. E agora eu sei que foi uma injustiça ter culpado os meus irmãos por aquele incidente com o porquinho mealheiro…

Consta que o FMI estará para voltar, mas isto há que crescer e aprender, de formas que, agora, não serei apanhada desprevenida com tostões amealhados num recipiente de cerâmica. Não, mil vezes: “Não!”. Essa coisa de brincar às economias ficou-se por ali, na infância, que é período adequado para a brincadeira. Nunca mais juntei um tostão na vida, juro que não! A vida não está para desilusões, por isso associei-me ao papel com a firme consciência de que, se lhe chegar fogo, arde.

Lições de economia à parte, o que eu quis dizer nos últimos dois parágrafos foi mais ou menos o mesmo que o José Mário Branco disse, quando de “um só jorro” escreveu o que escreveu, inspirado nessa outra visita do FMI, cuja citação (devido, sobretudo, ao enlevo semântico) não resisto a pôr aqui: “Eu quero que o FMI se foda!” e “Quero ser feliz, porra!”.

E agora o que, de facto, interessa: na segunda-feira, um dos meus livros iniciará o seu conturbado período de emancipação: Vai-se embora de mim, embora grite comigo, com o Zé Mário Branco e com quem nos queira acompanhar: “Quero ser feliz, porra!”. “Que tenha uma boa horinha” como alguém já disse.

Passarei por cá com uma lista de livrarias onde o poderão encontrar. Não será extensa, mas poderá cobrir grande parte do território nacional (se é que se lhe pode, ainda, chamar assim).

P.S – Este texto tem uma ou duas passagens irónicas, mas é para ser levado a sério!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Zapping sobre as madrugadas idênticas (sinopse)

Apesar da inspiração na vida de Mata Hari - a espiã holandesa, acusada de agente dupla e condenada pelos franceses, durante a Grande Guerra - o que, de facto, interessa neste romance não é o indivíduo em si, mas aquilo que o domina interiormente: as suas paixões, os seus impulsos, as suas inquietações e um misto de insurreição e subjugação à sua existência.

Um narrador único e sem nome, bisneto inventado a Mata Hari, projecta o seu domínio em dois momentos distintos da história: um que tem início, em Paris, no dia da morte de Mata Hari (1917), e outro que acontece em Lisboa, 86 anos depois, e que assinala dois acontecimentos com sentimentos violentamente contraditórios: o nascimento da sua filha, por um lado, e a morte da sua esposa, por outro.

É com estes rastilhos que se incendeiam dois universos paralelos, tocando-se sempre na diferença dos seus mundos, das suas histórias e na comunhão das suas vontades deambulatórias.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Berlin revisited (part 2)



Actualização: 10:08h.



Desci as escadas e fui buscar a Steffi à garagem. Um vizinho lia um livro, sentado à soleira de uma das portas, disse-lhe bom dia e ele não respondeu. Tinha um gorro na cabeça, o que me lembrou que estava frio e arrepiei-me.

Desci para a Karl-Marx-Strasse por uma rua diferente do habitual, porque esta não tinha paralelo (querendo com isto falar da pedra e não estabelecer uma comparação qualquer com outra rua) e hoje me esqueci de pôr os calções de ciclista, que, parecendo que não, sempre vai protegendo algumas das partes que assentam no selim.

Karl-Marx está menos povoada do que o costume. Há obras e vêem-se alguns trabalhadores a mexer em gruas, todos vestidos de laranja com listas cinzentas, que na escuridão devem tornar-se reflectoras. A minha Steffi cruza-se com algumas bicicletas amarelas, com umas aplicações especiais (à frente e atrás) para suportar grandes sacos rectangulares também amarelos (bonita cor), o que quer dizer que ali vão os carteiros.

Entro no Hof do Kino "passage", porque quero experimentar o café do café da ópera, que é muito bonito. Mas está fechado. Só abre às três da tarde, dizia um recado pendurado na porta. Voltarei mais tarde, devo ter pensado. Atravessei a passagem para o outro lado e quando cheguei à outra rua começou a chover, uma chuva muito, mas muito gelada, como se o Inverno estivesse a instalar-se, ainda. Sorri por ter posto luvas e voltei a sorrir, porque se cruzou comigo uma personagem que eu já tinha visto antes, com uma cabeleira com cerca de meio metro de altura (e juro que não é exagero!), cabelo encaracolado, assim uma espécie de caricatura de outra caricatura do Marco Paulo dos tempos que já lá vão. Sorri muito mais, porque as pessoas paravam a olhar e riam também, coisa muito estranha nesta cidade que tem habitualmente o estigma do Entroncamento, mas só no que toca à imagem.

Perdi-me ali por ruelas, para ir dar ao início da Karl-Marx-Strasse. Fiz a rua toda e passei por uma rapariga, que lia um livro, enquanto caminhava, vi que era o fim de um capítulo e tive inveja dela. Do outro lado da rua ia outra rapariga de bicicleta com um livro nas mãos que não queriam estar livres e invejei outra vez, mas só a capacidade de equilíbrio, porque o que tinha nas mãos era um mapa e não um livro.

Fechei os olhos meio segundo e fingi que tirava as mãos do guiador. Quando cheguei a Hermmanplatz surpreendi-me por já ali estar. A chuva e o selim começavam a moer-me. Ainda pensei em enfiar-me no metro, mas só porque pensei na subida que ia da Hermannplatz até à Boddinstrasse e, de repente, faltavam-me forças. Mas não, apetecia-me mais ar, hoje não estou para fazer de toupeira. Quando pedalava, nessa subida, lembrei-me do cinema antigo que há ali por perto e tive mais forças para pedalar até lá. O pensamento foi bom e rápido e vieram outros e, quando me voltei a lembrar disto, já passavam uns bons 500 metros do cinema. Não voltei para trás. Nem pensei em tal coisa. "Siga, siga, siga", três vezes, como diria a minha irmã. Fiz a Hermannstrasse até à esquina com a minha rua, entrei no Kaisers e comprei uns legumes para fazer uma sopa, que me estava mesmo a apetecer (às 10 da manhã). Uma courgette, tomates, um alho francês, um pimento laranja, cenouras, (batatas tenho, não preciso)… e agora me vem à ideia que não trouxe repolho, que pena! Cheguei à caixa, coloquei as coisas, procurei a carteira e… não a encontrei. "Dinheiro ca tem", pensei e quase dizia. Vá lá, tive tempo de dizer: "Moment, bitte, ich habe kein Geld. Ich muss zurück nach Hause… Es ist nur ein klein moment", ou qualquer coisa assim, que não traduzo, porque se está mesmo a ver que eu queria dizer era "é só um instantinho", que era o que aquilo era, um instante, um pequeno momento (coisa mais linda!), que se lixe quem diz que não quer só momentos, eu cá só quero instantes assim, sempre! Deixei as compras lá a um canto e fui e vim de Steffi, que foi um tirinho de espingarda.

Na volta, fiz a rua pelo passeio e atrevi-me a passar debaixo de uns taipais de obras. Um velho arrumou-se para eu passar e eu agradeci e disse-lhe "Hallo", no meio de um sorriso, porque era o mesmo velho que no sábado nos veio dizer (a mim e ao Daniel, enquanto trocávamos os pneus de Inverno do carro dele), que o Inverno em Berlim ainda não tinha acabado e que era uma tolice estar a mudar já de pneus. Mal sabia eu que teria que lhe dar razão.

De bicicleta, até ao 53 da Emser Str. vai-se muito mais rápido e, quando dei por mim já tinha passado. Voltei para trás e quando procurava as chaves, a porta abriu-se. Um jovem casal saía do meu prédio: ela à frente com embrulhos, ele atrás com o bebé ao colo, segurava a porta para eu entrar. Agradeci, sorri, disse: "tenham um bom dia!" e deixei cair a cesta das compras. Apanhei tudo lentamente, enquanto o homem segurava a porta e sorria. Ao chegar à garagem, pensei no vizinho do gorro que já lá não estava. Passei o aloquete na Steffi, agarrei nas compras e, quando ainda pensava no vizinho do gorro, ele apareceu-me pela frente. Mudou de soleira. Estava abrigado. Continuava a ler. E mantinha-se de gorro. Não lhe disse nada, quando ele olhou para mim, mas, coisa tão entranhada em mim, sorri.

Agora, vou tentar escrever. (Pensamento mais patético, se já tanto escrevi hoje!) e estou ansiosa que chegue a parte da tarde, depois da sopa, depois da escrita. Irei pedalar até a Oranianstrasse e encontrar-me com o Pedro e comprar a viagem para a Suíça, onde vou, entre outras coisas, sentir o cheiro da família, que já me faz falta. Hei-de ver o meu email e enviar isto a algumas pessoas. Certamente, terei um email do meu editor (coisa estranha de ter como meu!) com quem tenho andado a comunicar regularmente, e, seguramente, irei sorrir muito, ainda (ou não, que os sorrisos só se costumam pôr em rostos de pessoas que nos são reais). Um abraço (com dois braços)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Berlin revisited (part 1)



São 8 horas e dezanove minutos da manhã do dia 14 de Abril de 2008. Antes de escrever "Abril" tive que pensar muito. Acordei há cerca de três horas e, depois de algumas tentativas frustradas em tentar dormir, decidi levantar-me e caminhar devagar com o dia.

Sair para a rua às 6 da manhã, quando o dia ainda cheira a pão fresco, é das melhores coisas que se pode fazer em Neuköln. Faço a Emser str. até desembocar na Hermanstrasse, mas não totalmente, viro logo à direita para ir à Backerei (padaria, que isto os nomes de sobrevivência aprendem-se na língua local) das únicas alemãs que se atrevem a ter um estabelecimento, por estas bandas e que nem sequer são simpáticas, mas têm uns belos croissants e pão fresquinho. Compro dois croissants e dois pães, porque somos dois lá em casa e há quem cultive o gosto da simetria. Paro no turco que tem uma Tante-Ema-Laden (aprendi esta há pouco tempo e já é das minhas palavras favoritas, literalmente quer dizer a Loja da tia Ema, vulgo "mercearia"), procuro o leite, encontro, espero que apareça alguém. Não há sinal de gente viva! Olho para as prateleiras que fazem lembrar a mercearia do meu avô, quando eu chuchava no dedo em 1976 e, para além das sardinhas em lata e do atum, bato os olhos com latas de vários tamanhos de leite NIDO, que para além da infância também me faz lembrar África. E o caprisone, que anda a rodos nesta terra; aqui, na mercearia do turco (como se dirá “mercearia” em turco?), foi substituído por um sumo de laranja com legendas em árabe, o que me provocou o seguinte pensamento simples (que isto a esta hora não há que complicar muito): Marrocos, Marrocos, Marrocos… à medida que pensava "Marrocos" ia sorrindo na mercearia do turco e, sem me aperceber, já estava a sorrir para o turco, que meio atabalhoado calçava, ainda, as meias, trocando ora os pés, ora as meias. A baralhação era tanta que até eu trocava os olhos e ria muito por dentro, até quase rebentar.

Voltei a casa, fiz uma meia-de-leite e comi um croissant com queijo. O rouxinol cá de casa levantou-se e surpreendeu-se com a minha inesperada velocidade matutina. Trocámos bons-dias, sabendo de antemão que o dia estava para ser bom. Entre sorrisos e palavras trocadas, tínhamos, ainda, tempo para ir lendo os despojos de jornais em cima da mesa da cozinha. Eu li uma crónica inteira da revista do "Die Zeit", onde se falava de livros e de uma forma particular de organizar bibliotecas pessoais. O autor da crónica advogava que a sua biblioteca pessoal era tanto mais rica, quanto mais livros conseguia pôr de parte. O Daniel concorda com ele, a mim faz-me confusão ver-me livre de livros… mas talvez também concorde que podemos fomentar a qualidade de uma biblioteca, sabendo com exactidão o que conservar nas prateleiras.

Ele saiu e eu pus-me a escrever esta nota, deste dia, que ainda mal começou e já me fez sentir bem. De seguida, vou descer, pegar na minha Steffi (nome de baptismo da minha bicicleta) e vou pedalar até à Karl-Marx-Strasse e ver como fervilha esta pequena Istambul a horas de pegar o dia. Se tiver tempo e vontade, venho cá dizer a que horas o larguei.

Um bom dia a todos!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Palavras que despertam

Acordei estremunhada sem saber se isto era coisa que nos acontecesse, quando já somos adultos. Acho que desde os dez anos que não dizia esta palavra. É incrível como nos esquecemos da existência das palavras e depois, quando as redescobrimos é como voltar a ver um amigo de infância: agarramo-nos a elas e andamos por ali uns tempos a abusar dos sorrisos que nos provocam, só de lembrar! Apesar de isto que escrevo ser um estremunho, acho que foi a palavra “estremunhada” que me despertou hoje.

Assim atentemos nos meus passos de hoje (questões higiénicas à parte), antes de verdadeiramente acordar: Li um texto da Paula (não, não é essa nem a outra. É outra) sobre a oscilação dos dígitos de amigos no facebook e, apesar da graça que senti invadir-me (e das saudades), não conseguiu acordar em condições. Depois, fui ver as estatísticas de visitas a este blogue e surpreendi-me com o número de visitas, sobretudo, na Tailândia e na Sérvia. Foram os dígitos que me surpreenderam, não foi o simples facto de alguém na Sérvia ou na Tailândia, (lugares onde nunca estive e com os quais não tenho qualquer relação) ir calhar ao meu blogue por mais do que um dígito de vezes. Eu nunca tinha feito isto, nem sabia como fazê-lo, e apesar de ter sido um momento agradável, também não conseguiu recuperar-me ao estremunho.

Hoje despertei-me a mim própria ao pronunciar uma palavra, que usei enquanto explicava à Paula (sim, a essa!) que estava estremunhada. – E era efectivamente assim que eu estava. Fiquei contente, essencialmente, porque há palavras que ainda me despertam. Por isso, vou ali escrever coisas a sério.

Bom dia a todos os estremunhados e também aos que costumam dizer que nunca dormem e raramente têm sono!