Uma janela, a palavra "saudade" repetida, uma frase simples sobre a vontade de amar.Uma imagem completa. Pena não ser eu essa janela, não ser eu essa saudade, não ser eu esse amor. Posso apenas fazer-me parede e manchar-me de palavras boas ou más, tanto faz...
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Natal
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Encomendas
O "Zapping sobre as madrugadas idênticas"
Pode chegar à sua caixa postal
Ainda antes do Natal!
Ponha aqui coordenadas autênticas:
ecomendaszapping@gmail.com
Depois, é só esperar... e tal:)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Zapping nas bocas do mundo
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Portugal ausente
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
As pessoas mais feias do mundo.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Verbum
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Insónia
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Mais do mesmo
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Razões de sobra para isto dos livros
domingo, 26 de agosto de 2012
terça-feira, 8 de maio de 2012
intimidades de um anfíbio
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Zurück bleiben, bitte!
Guardo esta frase, como uma das mais marcantes da língua alemã. Devo tê-la ouvido uma vez por cada dia que passei em Berlim. E isto não equivale a dizer que a tenha ouvido todos os dias, pois foram muitos os dias de temperaturas impraticáveis para a minha descida à rua, e muitos outros em que saía a pé ou de bicicleta, por isso, não usava o metro e não ouvia aquelas palavras.
A frase significa, algo como : “afaste-se, por favor” e é dita quando as portas do comboio se abrem para a entrada e saída de pessoas. (Coisas de cidades grandes). Sem perceber muito bem porquê, sempre me causou uma certa angústia. Agora, à distância, penso que percebo esse sentimento e que a minha primeira perceção desse enunciado era, afinal, a mais correta. “Zurück” significa “atrás” e “bleiben” ,“permanecer”. Quando ouvi aquela frase pela primeira vez, o conhecimento tacanho que tenho da língua alemã, pôs-se a fazer uma tradução literal da frase: “permaneça atrás, por favor”.
Nos últimos dias, esta frase e o irreprimível frémito de medo que me causava voltou a ecoar na minha cabeça. Sempre que Angela Merkel se refere ou se dirige aos gregos, é isto que oiço: “Zurück bleiben, bitte”, quando Vítor Gaspar se ajoelhou em frente ao seu homólogo alemão, Wolfgang Schaube, o que eu o ouvi dizer foi “zurück bleiben, bitte”, quando o “milagre económico alemão” é destacado do resto dos países europeus, através das demagógicas taxas de desemprego (que escondem, por exemplo, sete milhões de trabalhadores precários), o que eu oiço é isto: “Zurück bleiben, bitte”, quando vou ao multibanco, o bonequinho verde não sorri e diz “Zurück bleiben, bitte”, quando saio à rua e penso fazer qualquer coisa mais do que sair à rua, as ruas gritam: “zurück bleiben, bitte”...
De tanto ouvir isto, a minha mente vai ficando acamada nesse espaço remoto, onde já quase nada se alcança. E tenho medo, muito medo de permanecer atrás, como me tem sido indicado.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Moro onde começa a cidade
Moro onde começa a cidade
Vejo-a de cima
Debruçada na varanda.
Uma chusma de pregões dispersa
Sobe pelas fissuras das casas
Entra-me pelas narinas
Em aromas de salsa e coentros
Que sobram aos cestos cheios
Alinhados num chão pétreo.
Os infantes ciganos retesam-se nas tendas
Acima do frio e da bruma
Soltam aplausos às próprias palavras
chispadas pelo olhar agudo de um pai.
Acordo onde começa a cidade
Das igrejas manda-se o tempo passar
Sonoramente
A cada quarto de hora
Um galo canta até que seja meio-dia.
Piropos escorrem brutamente
Das bocas dos feirantes
Moças redondas escorregam torpemente.
Uma mãe passa por outra mãe
Perante o meu olhar que desperta
Sopesam-se
Tudo é som, cheiro e alimento.
Moro onde começa a cidade
Entre as mães
E a vida.