terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Poema rima com edema

Era domingo e abri o jornal

Procurei notícias

acto contínuo, nada cuidado

Pouco é tratado em Portugal.


Títulos amarelos a imitarem o sol

Alimentam-me a vista com colesterol

De página para página o corpo transforma-se

O peso não muda (vive na inércia)

É mesmo a massa de suposta constância

que altera a matéria em abundância.


Revolvo as páginas quase à porfia

A ver o que muda de dia p’ra dia

A lei não existe, o direito é marreco

A ignorância grassa de beco p’ra beco

A páginas tantas, lê-se uma prece

A este país que ainda amanhece

Mas logo um céptico ilude a matéria

E diz que se trata de doença venérea

O contágio alastra de forma imparável

E o céptico tem uma ideia que diz formidável:

Propõe um concurso de textos sem temas

e um mau discurso, cheio de edemas

Incho de ideias que não sei explicar

Arde-me a testa, tremem-me as mãos

E não consigo parar de rimar

Fecho o jornal, amarfanho o céptico

Meto à boca um antipirético.

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