O que nos
prende à vida é a depuração que enjeitada e continuamente lhe fazemos às
esquinas, os vértices que limamos mesmo depois da sua aparente perfeição. O que
nos prende à vida é ela não estar nunca completa, mesmo quando nos parece que
acaba.
Não tenho o
hábito de reflectir sobre a vida, porque a própria vida tem arranjado maneira
de me pôr nela reflectida. Mas hoje há gente, que me interessa que celebra anos
de vida, os anos deles, onde eu também estou, puseram-me a pensar naquilo que
nos falta fazer. Sobre os aniversariantes em causa sei de um ou dois sonhos por
cumprir e sei que cada um deles vai fazer por conservar esses sonhos ou vai
cozinhando outros no processo de sonhar estes. É gente que ama o sonho, que ama
o sonho da vida.
Antes, muito
antes do meu sobrinho mais velho nascer há 22 anos, já a Paula era minha amiga
e sonhava. Creio que, apesar desta coincidência da data e de eu coincidir no
meio deles há tanto tempo, com tanto amor, nunca se encontraram. Não são caso
único: há uma série de gente na minha vida desde que eu me lembro de ser gente
que nunca partilharam o mesmo espaço.
Sei que não
faço das minhas parcas glórias uma divulgação excessiva, mas ainda assim,
partilho coisas de muito menor interesse do que isto de celebrar amorzades. Devia fazê-lo todos os dias.
Devíamos ter uma celebração por dia, um amigo para e com quem celebrar a vida
todos os dias. E eu, se não me distrair, talvez até tenha sem recorrer a
grandes depurações, até porque a amizade não está num dos vértices da vida,
está bem no miolo e não se aperfeiçoa à base de limas. Nada está completo a não
ser esse miolo. A vida continua já a seguir, deixando tudo por fazer.
Parabéns, meus
amores!
Sem comentários:
Enviar um comentário