quinta-feira, 26 de junho de 2014

Anos de vida

O que nos prende à vida é a depuração que enjeitada e continuamente lhe fazemos às esquinas, os vértices que limamos mesmo depois da sua aparente perfeição. O que nos prende à vida é ela não estar nunca completa, mesmo quando nos parece que acaba.
Não tenho o hábito de reflectir sobre a vida, porque a própria vida tem arranjado maneira de me pôr nela reflectida. Mas hoje há gente, que me interessa que celebra anos de vida, os anos deles, onde eu também estou, puseram-me a pensar naquilo que nos falta fazer. Sobre os aniversariantes em causa sei de um ou dois sonhos por cumprir e sei que cada um deles vai fazer por conservar esses sonhos ou vai cozinhando outros no processo de sonhar estes. É gente que ama o sonho, que ama o sonho da vida.
Antes, muito antes do meu sobrinho mais velho nascer há 22 anos, já a Paula era minha amiga e sonhava. Creio que, apesar desta coincidência da data e de eu coincidir no meio deles há tanto tempo, com tanto amor, nunca se encontraram. Não são caso único: há uma série de gente na minha vida desde que eu me lembro de ser gente que nunca partilharam o mesmo espaço.
Sei que não faço das minhas parcas glórias uma divulgação excessiva, mas ainda assim, partilho coisas de muito menor interesse do que isto de celebrar amorzades. Devia fazê-lo todos os dias. Devíamos ter uma celebração por dia, um amigo para e com quem celebrar a vida todos os dias. E eu, se não me distrair, talvez até tenha sem recorrer a grandes depurações, até porque a amizade não está num dos vértices da vida, está bem no miolo e não se aperfeiçoa à base de limas. Nada está completo a não ser esse miolo. A vida continua já a seguir, deixando tudo por fazer.

Parabéns, meus amores!

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