Estou convencida que José Gil, autor do ensaio: “PORTUGAL HOJE, o medo de existir”, considerado pela revista francesa Nouvel Observateur entre os 25 grandes pensadores mundiais (ex aequo com um livre-pensador do Sul do Sudão, dois caçadores recolectores do Burkina Faso e um curdo do Irão, que traduz para birmanês citações de Gil, em jeito de requiem prematuro a Ahmadinejad, e as inscreve em rochas das montanhas de onde nunca saiu e onde quase ninguém entrou); dizia eu, que esse senhor, certamente, não é minhoto, conhece pouco de romarias e nunca se inscreveu numa rusga do S. Bartolomeu. De facto, só assim compreendo que tenha criado essa teoria da “não-inscrição lusa”.
Eu não li o Ensaio todo, mas fui ao S. Bartolomeu (aliás, quem vai ao S. Bartolomeu não tem grande tempo para leituras, porque a ansiedade do momento é tal, que não deixa espaço para a concentração, durante o ano inteiro. Isto não percebe, seguramente, o Sr. Gil: O povo português é um povo com ansiedade de ser alegre! Por isso mesmo é que não é. Isto da tristeza e do fado é stresse e frustração por faltar tempo para alegria, para a folia e para a romaria, senhores filósofos! E o Sr. Gil não saberá disto porque, seguramente, sempre fugiu de romarias, de estádios de futebol cheios e de feiras com bancas a rastos; pensando acautelar-se assim numa atitude sensata para quem desata a dizer coisas sobre o povo português e a seguir as publica e arranca aplausos de todos os sectores e a alguns desvinculados tontos, como são os casos do Vasco Pulido Valente e o meu próprio).
A mim causa-me uma certa espécie que todos os pensadores e filósofos nacionais se enervem tanto com a questão da identidade lusa, se preocupem com uma homogeneidade lusa, promovam a “tugalidade” ao tentarem denegrir-lhe a imagem remexendo nos epítetos bacocos e gastos da “pequenez”, da “inércia”, da “inveja”, e agora (vá-se lá saber porquê!) uma tal de “não-inscrição”, que este senhor Gil inventou.
Eu não sei se este meu tom é irónico, sarcástico ou não-inscrito, ou se simplesmente estou verde de inveja por não ter escrito o que o senhor Gil escreveu. Mas a verdade é que este princípio da não-inscrição (não o princípio em si, que em termos emocionais a mim me parece muito são e livre, mas a forma negativa como ele é posto, exposto e dissecado) parece-me o colmatar de todo o pensamento pessimista que vai enublando os espíritos que se encabeçam como pensantes deste país. E, dá-me, que são esses que contagiam toda uma forma de sentir e estar, por cá; simplesmente porque lhes dá jeito e pouco trabalho escrever sobre os mesmos temas sebastianistas com variações medíocres e até ofensivas… (Sim, que isto da “não-inscrição” equivale mais ou menos a dizer que o “tuga” é pouco inteligente, ameaçando ser estúpido como uma porta).
E o que é que isto tudo tem a ver com o S. Bartolomeu? – Quase nada... Eu é que estive a servir finos numa barraca a todas as gentes da romaria e reparei que a alegria deles, enquanto a festa dura é sempre intensa e duradoura de ano para ano, não revelando qualquer inscrição com o ano transacto… O que me leva a pensar, que se calhar o Sr. Gil (sem saber) tem razão. Pelo menos, em relação aos foliões de Ponte da Barca, ele tem razão: aquela gente, no que toca a fazer a festa, é sempre tábua rasa, reinventa-se sempre! O que eu digo, Sr. Gil, é que era só ver a coisa por um lado mais optimista. Se calhar não lhe fazia mal ir a uma romaria minhota… acho que ainda vai a tempo e sempre não fica aí a definhar de inveja de quem se diverte e mostra cara alegre!
Sim, porque há em Portugal um rosto alegre que merece e deve ser celebrado e onde todos se podem inscrever.
Despeço-me com amizade do “meu querido mês de Agosto” e brindo ao bucolismo, à ruralidade e à romaria minhota com um copinho de verde branco de garrafeira própria.
Hip Hip Hurray!!!!
ResponderEliminarO JG nasceu, segundo a Wikipédia, em Muecate ("povoação da província de Nampula, em Moçambique, sede do distrito com o mesmo nome. Localiza-se no centro da província, a nordeste da capital provincial"). Está tudo explicado.
ResponderEliminartipica argumentação ad hominem... ponde-vos daqui pra fora com uma mordaça... eheheheh
ResponderEliminarAnónimo: a argumentação é totalmente absurda (pelo menos, é essa a sua lógica de (des)construção), mas não pretende ser "ad hominem"). E mesmo que houvesse essa pretensão, parece-me evidente o seu total fracasso...
ResponderEliminarEu li o livro e com todo o respeito concordo com a frase acima "tipica argumentação ad hominem..."
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