sexta-feira, 7 de junho de 2013

Eis um erro: A humanidade.


Leio o jornal, ou ponho o corpo à varanda, ou procuro o vento entre o cabelo revolto, ou perco a calma e praguejo sem motivo aparente, ou oiço a exaustão de vozes oprimidas, ou a exaustão das ondas na areia, ou sou a rouquidão dos dias exaustos, ou tropeço em pedras (essas sei que existem!), ou quero ser pedra de tanto ver gente, tanta gente sem saber que é pedra, tanto engano, tanto erro  – esse erro de que sou tantas partes…
 De todas as aprendizagens que fiz – e depois de tudo contado, verifico que me sobram dedos, embora isso não queira dizer que é pouco ou muito – aquela que prevalece acima de todas, que se destaca de qualquer pensamento, ou coisa de matéria ou de paixão é esta: a humanidade é um erro. Não é coisa boa nem má, não é longe nem perto, nem espaçosa, nem estreita, nem bela nem feia. Nem nada. Nem nem, que a alternativa ao nada é o vazio. É um erro! É um erro, a existência. É um erro, o ser. E é um logro a consciência do ser. Ou serão conscientes os calhaus?
A humanidade cuja missão suprema era a vida, morreu ao querer mais que viver.
Eu fui sempre pela vida e morri-me também. Vivo como um erro, como todos, cuidando que vivemos apenas com os nossos erros reconhecidos e apagados, ao lado dos erros dos outros.
Talvez deixe de ler jornais e ouvir relatos do mundo. Vou penhorar as horas vagas e lambuzar-me numa cuba de vinho.

Ou eu muito me engano ou, se arrependimento mata, Deus algum nos governa.

Sem comentários:

Enviar um comentário