Leio o jornal,
ou ponho o corpo à varanda, ou procuro o vento entre o cabelo revolto, ou perco
a calma e praguejo sem motivo aparente, ou oiço a exaustão de vozes oprimidas,
ou a exaustão das ondas na areia, ou sou a rouquidão dos dias exaustos, ou
tropeço em pedras (essas sei que existem!), ou quero ser pedra de tanto ver
gente, tanta gente sem saber que é pedra, tanto engano, tanto erro – esse
erro de que sou tantas partes…
De todas as aprendizagens que fiz – e depois
de tudo contado, verifico que me sobram dedos, embora isso não queira dizer que
é pouco ou muito – aquela que prevalece acima de todas, que se destaca de
qualquer pensamento, ou coisa de matéria ou de paixão é esta: a humanidade é um
erro. Não é coisa boa nem má, não é longe nem perto, nem espaçosa, nem estreita,
nem bela nem feia. Nem nada. Nem nem,
que a alternativa ao nada é o vazio. É um erro! É um erro, a existência. É um
erro, o ser. E é um logro a consciência do ser. Ou serão conscientes os
calhaus?
A humanidade cuja
missão suprema era a vida, morreu ao querer mais que viver.
Eu fui sempre
pela vida e morri-me também. Vivo como um erro, como todos, cuidando que
vivemos apenas com os nossos erros reconhecidos e apagados, ao lado dos erros
dos outros.
Talvez deixe de ler jornais e ouvir relatos do mundo. Vou penhorar as horas vagas e lambuzar-me numa cuba de vinho.
Ou eu muito me
engano ou, se arrependimento mata, Deus algum nos governa.
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