sábado, 15 de junho de 2013

A um ministro

Sr. Nuno Crato, o senhor parece-me um ressabiado. Terá lá o seu valor, terá estudado as suas matérias muito bem estudadas, terá feito isso à custa da palmatória, ter-lhe-ão exigido demasiado na infância e adolescência, terá comido o pão que o diabo amassou para chegar a “doutor”(espero bem que sim!), mas isso não lhe dá o direito de se vingar numa geração inteira!
De si, sei - por o ouvir dizer - que foi aluno do digníssimo professor Rómulo de Carvalho, e que isso terá sido uma benesse na sua aparentemente (até 2011) notável carreira. Mas logo aí se percebe a sua falta de sensibilidade: caramba, homem, não custava nada e punha-se a beneficiar também um pouco da sabedoria do António Gedeão, que isso não haveria de importunar o Rómulo! O maior mistério, para mim, é se terá optado por não o fazer, ou se tinha - já à altura - essa dificuldadezinha macabra da tortura (auto-tortura, também), essa teimosia, que insiste em confundir com determinação, essas olheiras de quem vive no ar a interpretar os corpos celestes, sem saber que é necessário misturar o ar e a terra para que a interpretação seja justa. Deixe-se de suspensões, Sr. Nuno Crato! Desça à terra para umas boas horas de sono e sonho (que o sonho comanda a vida, como deveria ter aprendido, se fosse esperto, se tivesse algum sentido de oportunidade e bom-senso), vai ver que a terra arrasta para si a força do pensamento e quem sabe o seu jeito para isso, malgrado as aparências, não se tenha esfumado por completo.
Vá lá, homem, digne-se a convocar em si alguma noção de respeito, se não for por outra razão, que seja pela ideia de que, pelo menos, o seu velho professor se possa orgulhar de si. E Olhe que o senhor parece não saber disto, mas um professor cheio de orgulho e feliz, é a maior garantia de qualidade de educação. É, é, Sr. Ministro, é...

Deixe-se de coisas, sim?!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Eis um erro: A humanidade.


Leio o jornal, ou ponho o corpo à varanda, ou procuro o vento entre o cabelo revolto, ou perco a calma e praguejo sem motivo aparente, ou oiço a exaustão de vozes oprimidas, ou a exaustão das ondas na areia, ou sou a rouquidão dos dias exaustos, ou tropeço em pedras (essas sei que existem!), ou quero ser pedra de tanto ver gente, tanta gente sem saber que é pedra, tanto engano, tanto erro  – esse erro de que sou tantas partes…
 De todas as aprendizagens que fiz – e depois de tudo contado, verifico que me sobram dedos, embora isso não queira dizer que é pouco ou muito – aquela que prevalece acima de todas, que se destaca de qualquer pensamento, ou coisa de matéria ou de paixão é esta: a humanidade é um erro. Não é coisa boa nem má, não é longe nem perto, nem espaçosa, nem estreita, nem bela nem feia. Nem nada. Nem nem, que a alternativa ao nada é o vazio. É um erro! É um erro, a existência. É um erro, o ser. E é um logro a consciência do ser. Ou serão conscientes os calhaus?
A humanidade cuja missão suprema era a vida, morreu ao querer mais que viver.
Eu fui sempre pela vida e morri-me também. Vivo como um erro, como todos, cuidando que vivemos apenas com os nossos erros reconhecidos e apagados, ao lado dos erros dos outros.
Talvez deixe de ler jornais e ouvir relatos do mundo. Vou penhorar as horas vagas e lambuzar-me numa cuba de vinho.

Ou eu muito me engano ou, se arrependimento mata, Deus algum nos governa.