domingo, 12 de novembro de 2017

Última ceia

Tinha diante de mim o tempo passado
Uma conversa incerta
Um certo assunto sempre adiado
E numa girandola de frases prolixas
Guardo o olhar com que me fixas.

Tinha diante de mim um poeta frustrado
O pensamento exangue
(ou apenas cansado)
Varrendo do rosto o suor de uma estância
Encerrando num verso a memória de infância.

Tinha diante de mim a última ceia
Estendida a métrica na mesa comprida
Os versos presos em copos sem vida
E o vinho solto, sem tema ou ideia

Cá estava talhando a melopeia.

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