Tinha diante
de mim o tempo passado
Uma conversa incerta
Um certo
assunto sempre adiado
E numa
girandola de frases prolixas
Guardo o olhar
com que me fixas.
Tinha diante
de mim um poeta frustrado
O pensamento
exangue
(ou apenas
cansado)
Varrendo do rosto
o suor de uma estância
Encerrando num
verso a memória de infância.
Tinha diante
de mim a última ceia
Estendida a
métrica na mesa comprida
Os versos presos
em copos sem vida
E o vinho
solto, sem tema ou ideia
Cá estava
talhando a melopeia.
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