segunda-feira, 18 de abril de 2016

Impeachment é o caralho!


O palavrão acima não é esse, é o outro. Eu não sou brasileira nem Dilma. Mas se fosse Dilma não seria brasileira, seguramente. Há muito que teria abdicado, não só do cargo político como, essencialmente, do vínculo social e cultural, que à minha volta se fabricaria (note-se que não me afastaria da cultura e dos traços sociais espontâneos). Num país onde se congemina e se ferra o povo de forma obtusa, cobarde (ou covarde, tanto faz!) e hipócrita, através de um estrangeirismo, eu não viveria. Dilma não será destituída do seu cargo, não haverá uma dissolução das suas funções, o seu mandato não será impugnado, nada disto acontecerá em bom português, porque os seus congeminadores, de tão absurdamente polutos, preferem esconder-se atrás dum anglicanismo bafiento e incompreensível para a esmagadora maioria do povo que representam. Esta simples questão lexical deveria servir para ilustrar o mau cheiro que envolve toda esta trapalhada de contornos democráticos muito duvidosos. Não, não há um impeachment de Dilma no Brasil, o que há é, obviamente, uma ferração total.
A divisão a que se tem assistido (ao longe e sem grande conhecimento de causa, claro está!) da opinião pública brasileira não é, de resto, novidade nenhuma. Pousei recentemente mãos e pés naquele território e nada disto me surpreende. O que me surpreendeu foi perceber que os inúmeros estereótipos acumulados ao longo de uma vida de convívio (inevitável) com as novelas da Globo, não são, afinal, apenas estereótipos. As divisões de classe e racial, que vi em poucos dias, são constrangedoras, mesmo quando agarramos nas mãos uma maravilhosa e insubstituível água de côco. Essa divisão existe. Faz-se. Constrói-se e alimenta-se todos os dias. É conveniente, como é conveniente afastar Dilma e o PT, e todos os que a pulso tentam dar alguma dignidade a quem não conhece sequer o termo.
Se eu fosse Brasileira (e nem precisava ser Dilma), agarraria nesses tratantes e dar-lhes-ia a escolher entre esmagar a caixa esquelética, que lhes protege a amostra de cérebro, na pedra da Gávea ou no Calçadão, enquanto os instruiria cuidadosamente sobre algumas questões lexicais básicas e essenciais. Saibam, por exemplo que impeachment é um termo muito parolo, principalmente, quando acompanhado de tantas chiantes. Caso desconheçam o conceito de parolo, vão impeachar-se da ignorância e da sonsice, se fazem favor!
Se acharem que este texto é niilista, talvez não passem completamente ao lado da sua essência. Não tenho o hábito de me curvar perante autoridades estabelecidas sem princípios. Sugiro que façam o mesmo.

Força, Brasil! Força, meus queridos amigos lúcidos!

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