
É precisamente sobre a escrita
que falo agora. A minha escrita. A que não pedi a ninguém, mas que vive em mim,
como se fosse mãe, como se fosse amor, como se fosse o último fôlego da minha
vida, como se o rosto que Verónica limpou tivesse sido sempre o meu e o que um
dia ficou para sempre inscrito naquela toalha fossem estes meus filhos de
papel.
Chegará a outras mãos, por estes
dias, mais um destes filhos. É o melhor, o mais desejado, atributos que já um
dia foram dados a outros e que não retira sinceridade alguma a tudo isto.
É
este o meu eterno retorno: os livros que não sonho que escrevo, mas escrevo mesmo
assim. Escrevo, de facto, escrevo dentro da realidade que tantas vezes
desprezo, mas da qual nunca me aparto. Entre este e outros partos, sei que não
parto, sei que não vou a lugar nenhum, se o meu encontro não for brindado com as vossas leituras dedicadas a estes filhos de papel.
Não tenho mais que vos deixe. Só, talvez, abraços no corpo esfíngico da memória, que nunca sabe o que leva às costas.
Sem comentários:
Enviar um comentário